Saturday, March 31, 2007

Gaja doente precisa de amor!

Estou solteira há pouco tempo. Já não bastava esta coitadinha estar com os pés para a cova, pensam vocês, ainda ficou sozinha e abandonada neste mundo cruel. Pois é. Namorava com o que será referido como o... “coisinha”, mas as coisas não correram como seria de esperar neste conto de fadas que é a minha vida. Pronto… admito, estar comigo, doente, também não seria propriamente um sonho cor de rosa, mas ainda assim o “coisinha” dizia que gostava de mim. Ora, qual não foi o meu espanto quando, uma semana depois de termos terminado (e foi consensual, nisso também não minto), o “coisinha” se referiu ao tempo de distância como um alívio, como o sair de um peso de cima dos ombros. Mas mais bonito ainda – passados mais 7 dias já tinha outra namorada! Lanço por isso uma votação: quem acha que ele nunca gostou de mim? (posso votar também?)
Por isso eu, que estou no auge da minha forma física, com fortes semelhanças a um ursinho de peluche, com um buço transformado em farfalhudo bigode a ser aparado diariamente, chichinha que cresceu em 24h, quero aqui publicar um anúncio:

* Menina felpuda, do alto do seu 1,50m cheia de amor para dar procura algo mais que um coisinha. Tem de: saber comer à mesa, não arrotar alto (entenda-se não abanar a casa), emprego estável, dinheiro no bolso e carro (doente mas não burra!), com interesses diversificados e principalmente, com um comportamento adequado à idade.

Friday, March 30, 2007

Bibá Cortisona!

Há 6 meses que tomo cortisona. Há 6 meses que pareço um Buda peludo. Ok… a transformação foi gradual, mas estou no apogeu da semelhança!
Primeiro foi o alargar da cara. No início parecia que tinha ido retirar os dentes do sizo. Pronto, com isso ainda se vive. Depois foi o aparecer de uma penugem por todo o corpo (as meninas da Zara ainda se devem lembrar do grito que mandei quando me apercebi nos espelhos que tinha um cobertor nas costas!). Dores nos ossos – isto não tem piada – e finalmente, deixei de ter pescoço! Esta é a minha parte preferida. Tenho o queixo oficialmente ligado ao peito por um pedaço de carne! Não estou uma riqueza de fofura??
Já estou no que se chama, o desmame, ou seja, reduzir a cortisona aos poucos, mas presumo que vou reduzir a dose, mais rapidamente que os pelos me caiam do corpo. E depois, quem me vai proteger do frio?

Thursday, March 29, 2007

Que faço aqui?

Estive internada 4 vezes no hospital. Ao todo terão sido quase 2 meses no resort 5*, tudo incluído como “carinhosamente” passei a chamar.
Passei por várias fases: a fase “que é que eu faço aqui?”, a fase “espiritual”, a fase”calem-me essas velhas”, a fase “eu estou aqui com um propósito”.

As minhas primeiras companheiras de quarto eram um primor! Não me deixavam ver televisão (excepção obvia para a missa dominical), chamavam-me ruim e insistiam que era eu que lhe fechava a cortina, não as deixando ver as pessoas no corredor. Depois disso, passaram por mim várias figuras – umas que não falavam, não se mexiam, outras que gostavam de me contar todos os males de que padeciam, e ainda outra que acordava a perguntar quem lhe tinha roubado os dentes.
Ainda salvei a vida a uma (foi quando pensei – eu estou aqui com um propósito), quando decidiu ir à casa de banho durante a noite e tropeçou na minha cama entrando em convulsões! Se era esse o meu destino não sei: ela foi para casa mais cedo que eu!

Wednesday, March 28, 2007

A introdução

Passaram-se já 7 meses que me foi diagnosticada um raio de uma doença de sangue. Calma… não vou morrer disso, mas condicionou-me a vida em vários aspectos (não vou entrar em pormenores). Estou agora no que os meus amigos chamam de recta final – a recuperar de uma cirurgia com 80% de hipóteses de sucesso. (80% parece-me bem!).

Antes de mais quero partilhar com vocês o que é recuperar de uma cirurgia à barriga! Fiz uma esplectomia, ou seja, retirada de baço. Era para ser por laparoscopia, ou seja, uns míseros furinhos, mas gaja com sorte como sou, a coisa não correu lá muito bem, então tiveram de me abrir um lanho de 10 agrafes! Ora… uma facada destas na barriga vai ficar muito sexy na praia! Bom, mas tenho já algumas ideias em mente:

1ª Tatuar um arame farpado à volta – quem sabe até partir o dente da frente e fazer um piercing algures na cara – dar-me-à um look mais selvagem

2ª Jurar a pés juntos que tudo não passou de uma facada após furiosa discussão com alguém

3ª Tatuar no braço Guiné’73 e passar a ser veterana de guerra, com facada no abdómen a prová-lo

Mas voltando ao assunto inicial, recuperar de uma operação é triste. Triste e um atentado à condição humana. Primeira situação degradante – fazer chi chi. Sim… um dia após a cirurgia, quando qual super mulher me aventuro a ir à sanita, esqueço-me de coordenar o movimento levantar com puxar as cuecas e o pijama. O que podia acontecer? Temos uma mulher em pé, com as cuecas no chão e sem conseguir se baixar. (Ao menos estava gente em casa). Segunda situação degradante. Os gazes. Para se fazer uma cirurgia deste tipo é injectado ar no organismo de uma pessoa. O órgão sai, mas o ar não. Somos nós que temos de o “expelir”! Acreditem, não é bonito. Nunca um pum foi tão festejado cá em casa.

Por isso interrogo-me, quem são os maluquinhos que gostam de fazer cirurgias por prazer, para simplesmente ficarem mais bonitas?