Estou passada

Normalmente não uso o meu blog para escrever sobre a actualidade, sobre a condição mísera do país, sobre os palermas que temos no Governo, sobre a reforma da função pública, sobre os salários vergonhosos que a maioria de nós recebe. Não. Comecei este blog com o intuito de tentar dar a volta por cima numa situação que não sei bem porquê me apareceu, mas que decidiu dar cabo de um ano da minha vida. Passado o problema, continuei a escrever sobre as coisas que me acontecem, mais ou menos (essencialmente mais) parvas, e ainda que ultimamente tenha andado parca de inspiração, cá estou eu, praticamente todos os dias, nem que seja para escrever que estou mais gorda, ou que ninguém me quer, ou outra coisa qualquer. Mas hoje, estou mesmo piurça, e com algo que nos afecta, tristes membros do proletariado e de escassas remunerações mensais.
Tenho 26 anos. Não ganho mal (segundo os padrões de um amigo que me diz "ganhas o salário mínimo? Então não te podes queixar") Pago um carro, gasóleo, ginásio, seguro de saúde, telemóvel por mês. Ajudo em casa quando é preciso, pago as minhas despesas todas. Como é possível uma mulher solteira poder sair de casa dos pais? Com que dinheiro? Alugar uma casa? Antes ainda era possível, candidatavamo-nos ao IAJ, e passados cinco meses (cinco meses!!), lá vinha a resposta em 90% dos casos positiva. Mas e agora? Só para não dizerem que cortaram o apoio, eles lá o mantêm, mas só nos podemos candidatar se arranjarmos um T1 até 220€ no grande Porto!! Pelo amor da Santa... quem conseguirá tal milagre?
Depois espantam-se quando digo que viverei em casa dos meus pais até aos 40 anos!