Friday, March 14, 2008

Há um ano

Há um ano atrás, mais ou menos por esta hora, já estava na salinha de espera do hospital. Tinha de me apresentar às 9h, com malinha para alguns dias. No dia seguinte, seria operada. Cheguei, e tal como eu mais pessoas também aguardavam que lhes dessem instruções. Iríamos falar com o chefe de cirurgia, depois com o anestesista, e dali seguiríamos para a nossa cama, até ao dia seguinte. Ora pois que sabia que me esperavam algumas horitas de seca, mas nunca imaginei o que se seguiria. O nosso sistema de saúde é realmente o máximo. Nenhum de nós, quando ali chegou, tinha cama disponível, assim teríamos de ir aguardando à medida que iam sendo dadas altas a outros doentes, para termos onde ficar. Eu esperei 9 horas(!!) numa cadeirinha até, finalmente, me ser atribuída cama. E ainda vi quem regressasse a casa, pois não havia nada disponível, e como afinal a operação seria só de tarde, podia vir no dia seguinte...

Lá me foi atribuído o quarto (ao menos calhou-me um individual – toma lá), e agora... esperar... comecei a ficar de tal forma que nem me cabia um feijão, e quando o médico sugeriu uma coisinha fraquinha para ajudar a dormir, pois venha ela! O que mais me preocupava era a anestesia – doce ignorância, se soubesse o que se seguia, aí tinha deitado a fugir de bata pelo hospital fora. Por falar em bata....
Fui a primeira da manhã a ir à faca naquele bloco. Já estava em jejum há horas, mas nem era isso que me preocupava. Mandaram-me ficar em pelota, vestir uma bata, que mais parecia feita de papel, e uma touca que concerteza deveria acentuar os meus lindos olhos castanhos. Descemos de maca, e a partir dali não há cá vontade própria: vais de maca, pegamos em ti ao colo, mijas para a aparadeira e é se queres! Em cima de nós um daqueles focos gigantescos, ao longe os médicos a falar de futebol, as enfermeiras em conversa de circunstancia comigo, contagem decrescente até que se apaga. Acordei umas horas depois, a tremer de frio... tremia tanto que até me doía o corpo. Voltei a tombar... dali o resto do dia foi uma névoa. Pessoas a irem-me visitar, telefonemas nos quais balbuciei qualquer coisa, mas nem sei o quê, um tubo que me foi tirado do nariz que concerteza iria até ao fígado, do qual saiu um líquido nojento verde, e dormi... dormi, dormi.Dia seguinte de manhã, o médico aparece “olha ela, já está acordada! Vamos lá por de pé! Oupa, já está! Já fez cócó? Não, pronto... não tem mal, faz em casa. Pode arrumar as coisitas, tem alta!” E pronto... com um pontapé no rabo me puseram na rua, 24h depois de aberta, e ala para casa.

5 comments:

Lil said...

e hoje estas aqui toda espevitadita :)

Anonymous said...

Yup... estás bem e é o que interessa... Se eu fosse contar a minha operação ao cotovelo(???) e a recuperação tinha material para uma serie tipo Serviço de Urgências (lol).

Bom fim de semana e pensamentos positivos!

Anonymous said...

E o tempo passa a correr...

Anonymous said...

mas a melhor é pedirem, a seguir ao parto, já no quarto com outras mães presentes, " tem vontade de fazer c.... faça aqui na aparadeira enquanto olhava para mim..." enfim hospitais, bem longe de mim...

beijos miga, até te portaste muito bem

Austinado said...

Confesso que me ri ao ler este post...apenas pela maneira como descreveste esses momentos que são dificeis para qualquer pessoa...ainda bem que teve um final feliz..para me rir ainda mais no futuro.Bj*